Casos de professor – O dia em que “virei” Chico Xavier


O presente caso é meio esquisito, envolve “forças do além”, novas tecnologias, uma dose de maldade e um irmão que a vida me ofereceu. Parece complicado né? Bobagem, tudo é muito simples, você verá.

Eu e o também professor de história Geraldo Pereira dividíamos um apartamento no bairro do Mariano Procópio, em nossa cidade natal, Juiz de Fora. Nós nos encontrávamos pouco, já que vida de professor é sempre aquela correria. Quando acontecia de nos encontrarmos, sempre rolava uma cervejinha e um papo descontraído sobre diversos temas. Em uma dessas conversas, lá pelas tantas da madrugada, começamos a conversar sobre casos de assombração, experiências de quase-morte, reencarnação e um monte de perguntas ficaram no ar sem respostas.

No dia seguinte acordei cedo, meio combalido pelas poucas horas de sono, mas fui trabalhar normalmente (sou um funcionário exemplar diga-se de passagem…rs). Cheguei em casa lá pelo meio dia, almocei e fui deitar, já que só daria aula a noite e poderia dormir a tarde inteira.. No meio da tarde o meu celular toca e me acorda, meio sonolento digo alô, mas ninguém responde, só ouço um ruído ao fundo, mais nada, logo em seguida desligo e volto a dormir.

Passado uns quinze minutos o aparelho volta a tocar, de novo um ruído ao fundo de pessoas falando e decido ver no identificador de chamadas se conhecia quem estava me ligando. Para minha surpresa descubro que era o número do Geraldo e, logo em seguida, ouço a sua voz. Percebo logo que o telefone estava em seu bolso e que involuntariamente estava me ligando, fico curioso e começo a ouvir a aula do meu colega, mesmo porque quem estava pagando a ligação era ele (pura maldade!!!). Fico escutando a explicação sobre feudalismo, as perguntas dos alunos, as respostas do Geraldo, tudo com muita nitidez. Depois de uma meia hora me canso e desligo o telefone e volto a dar um cochilo gostoso.

Quando acordo no final da tarde estou meio atrasado, entro em um ônibus para acabar a minha jornada diária de trabalho, fico pensando no telefonema que recebi do Geraldo, de como a tecnologia está presente em nossas vidas, mas também como ela pode produzir coisas engraçadas. Foi nessa hora, dentro do ônibus que fui mordido pelo contagioso bichinho da maldade. Resolvi pregar uma peça naquele que hoje considero um irmão e comecei a arquitetar um plano.

Na semana seguinte, mais precisamente em uma segunda-feira, cheguei em casa e Geraldo já estava no sofá da sala com uma cerveja aberta e me convida para tomar um copo, o que prontamente aceito. Depois de umas duas cervejas puxo o assunto de espiritualidade de propósito, comento sobre os poderes mediúnicos de Chico Xavier e a conversa embala. Digo a ele que na semana anterior tive uma experiência muito estranha, paranormal com certeza, muito parecida com algumas narradas pelo famoso médium e que tinha a ver com ele, Geraldo, inclusive, mas que eu estava com vergonha de contar.

O meu amigo, sem perceber que estava caindo no chamado conto do vigário, ou melhor, do médium, insistiu e então comecei a contar a minha versão do que ocorreu naquela tarde do telefonema:

– Geraldo semana passada eu cheguei em casa e logo após o almoço foi me dando um sono estranho, uns calafrios, uma tonteira e logo decidi dormir. Segundos depois que deitei na cama parece que desmaiei, tinha uma sensação estranha, não sabia se estava acordado ou dormindo, via luzes, meu corpo foi ficando leve e de repente me senti levitando. Como se meu corpo não tivesse peso algum.

Dei uma pausa para aumentar um pouco a tensão da narrativa e continuei descrevendo uma suposta viagem astral:

– De repente comecei a ouvir vozes e identifiquei a sua, comecei a ouvir você fazendo uma explicação sobre feudalismo, só que não tinha coragem de abrir os olhos, relutei um pouco, mas para meu espanto decidi abrir. Foi quando percebi que estava flutuando sobre uma sala de aula em que você trabalhava. Tudo parecia muito real, sua voz, o comportamento dos meninos, não parecia um sonho era muito estranho.

Geraldo me interrompe e diz:

– Se eu te contar que semana passada eu estava explicando feudalismo você não vai acreditar.

Faço cara de espanto e continuo descrevendo tudo que havia escutado no telefonema como se eu tivesse visto flutuando sobre a sala. Geraldo começa a fazer uma cara de surpreso. Repito as perguntas dos alunos, as respostas que ele deu, uma piada que ele contou para os meninos e o meu amigo começa a andar pela sala com uma expressão de quem não estava acreditando no que estava ouvindo. Para diante de mim e começa a falar uns palavrões e volta a andar pela sala e, em seguida, diz:

– Aurélio você não tem idéia do que você está me falando.

Eu com uma cara de completa inocência interrogo o meu amigo:

– Calma Geraldo, não estou entendendo esse seu nervosismo. Por que você está tão agitado?

Geraldo meio assustado diz:

– Aurélio tudo que você está contando aconteceu realmente, o que você falou sobre os meus alunos, a minha explicação, enfim, tudo! Foi exatamente assim que aconteceu em minha sala na semana passada.

Não posso negar que por dentro eu já estava com vontade de explodir de tanto rir, mas se eu fizesse isso perderia a chance de ter umas risadas garantidas por alguns dias. Fiz cara de assustado, disse que achava melhor a gente mudar de assunto que aquilo já estava me incomodando. Não desmenti e fomos dormir.

Passado uns cinco dias reencontro Geraldo e ele me diz que contou o meu caso de viagem astral para uma amiga nossa em comum, decido contar a verdade e impedir que meus “poderes mediúnicos” fiquem conhecidos pela cidade inteira…rs

Como eu já disse, eu e Geraldo somos muito amigos, mas isso não impediu dele me xingar por uns dez minutos seguidos, mas o pior dessa história é que depois do xingamento ele veio com a seguinte história:

– Pode rir da minha cara que eu não me importo, mas a ligação de meia hora do meu celular quem vai pagar é você, os seus poderes mediúnicos não vão te livrar dessa, espere a conta chegar.

Cara pão duro esse Geraldo, vocês não acham?

11 Respostas to “Casos de professor – O dia em que “virei” Chico Xavier”

  1. dudu mazzei Says:

    Que alívio! Antes isso!
    Mas e a visão com direito a bate papo que vc teve com o Zé Leite, no calçadão, depois de 1 ano que ele morreu? Como vc explica?
    Tem visto ele por lá?

    • aureliobraga Says:

      Você não vai esquecer isso nunca! rs rs
      Sempre que me lembro desse caso também começo a rir…
      Um abraço forte Dudu!!

  2. keturiny Says:

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Adorei essa!!!Só não sei como você conseguiu segurar a verdade por cinco dias…Pobre Geraldo, tentando entender o seu “desdobramento”…Essa foi de mestre! Só você, Aurélio…

  3. E isso é porque você considera o Geraldo um irmão.
    Covardia! rsrsrs… Abraços!

  4. Patricia Lage Says:

    Tá mais pra “encosto” do que pra Chico Xavier!!!!!!Credo!!!!Bjim…

  5. Gracinha! Says:

    Eu fiquei imaginando a cara dele. rsrs… Vc é fogo em?! Qto custou essa brincadeira? rsrsrs…..

    Fica com Deus meu amigo amigo eterno. Te adoro!!!

  6. Rafael Bellei Says:

    Aurélio… eu ri de mais!!!!! Imaginei perfeitamente as cenas q vc descreveu!!!!
    Q comédia!!!! Vc é muito sacana mesmo!!!! hauhauhau
    Abração

  7. GOSTO DE LER TUDO,,SABER DELE. A VIDA INTEIRA… EU VOU EM BUSCA DE SABER POR QUE AS VEZES EM MINE UM CERTO FENOMENOLÓGICOS…QUANDO NANO INTENSIVOS

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